Na conversa: Rose Herceg e Ranjana Singh
Mudando a dinâmica e por que precisamos de imaginação vencermos o ruído do mercado
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Coincidindo com o Dia Internacional da Mulher, a WPP reúne 16 mulheres e homens brilhantes de toda a sua rede global, em oito conversas sobre o setor, a igualdade e o impacto de nosso trabalho na sociedade em geral.
Ranjana Singh, Country Manager da WPP para Indonésia e Vietnã, e Rose Herceg, futurista e Chief Strategy Officer da WPP AUNZ, discutem tendências e contratendências e o poder da criatividade para identificar nichos de marca.
Ranjana Singh: Tenho curiosidade em ouvir um pouco sobre sua carreira como Chief Strategy Officer da WPP AUNZ. Você sempre soube que queria trabalhar nesse setor?
Rose Herceg: Tive três negócios e vendi todos eles. Na verdade, o primeiro deles eu vendi para a STW antes da fusão STW WPP. Sempre fui uma pessoa de pequenos negócios. Comecei de fato nessa função como consultora, quando vendi minha empresa. Acho que eu sou um pouco incomum, pois de fato não subi os degraus da carreira corporativa. Meu jeito de chegar até aqui foi aproveitando as oportunidades conforme eu as via.
E você, o que acha? Como você chegou onde você está no momento?
RS: Eu diria agora, em retrospectiva, que foi apenas através de trabalho duro. Em toda a minha vida profissional estive na WPP. Comecei com mídia na Índia, trabalhei em três geografias diferentes [Deli, Bangalore e Mumbai] e depois me mudei para a Indonésia com a JWT. Assumi a gerência geral da WPP em 2000, quando as coisas estavam mudando bastante.
Às vezes, precisamos quebrar as regras. Às vezes, precisamos analisar os dados e fazer exatamente o oposto... A criatividade precisa nos permitir olhar para espaços onde ninguém esteja fazendo nada
RH: Há quanto tempo você trabalha na WPP?
RS: Há cerca de 35 anos.
RH: Isso diz muito sobre a WPP, não é mesmo? Pois temos mulheres que entraram de duas maneiras completamente diferentes, e ambas estão fazendo trabalhos que amam e que são excepcionalmente interessantes, em carreiras que desenvolveram na WPP. Não importa como você entrou ou de onde você veio, há uma grande chance de você ser bem recebido na empresa.
RS: Você tem experiência em previsões de tendências como futurista, então tenho a curiosidade de saber sua opinião: se houvesse algo que você acha que de fato vai transformar nosso setor, o que seria?
RH: Acho que estamos entrando rapidamente em uma era na qual as pessoas e consumidores podem bloquear todas as formas de comunicação que quiserem, a menos que façamos algo espetacular. Como resultado, acho que temos que voltar ao básico de como fazer uma pessoa - você, eu, outra pessoa - vir até nós ao invés de irmos até elas. É preciso alterar toda a dinâmica. E eu realmente acho que esse vai ser o maior desafio. Quando eu, como cliente, escolho uma marca e vou até ela, isso é fantástico. Então, é como faço isso acontecer cada vez mais para nossos clientes, quando a pessoa nos procura e não o contrário? E esse é um modelo completamente diferente.
Estou animada com isso pois acho que é possível, mas penso que vai ser o maior desafio, a maior transformação para os nossos negócios.
RS: Interessante. Para mim, é realmente um equilíbrio entre tecnologia e criatividade para o nosso setor. É sobre fazer o que fazemos melhor, que é criatividade, ideias e resolver os problemas dos clientes.
RH: Concordo também plenamente com isso. Criatividade é outra palavra para imaginação. Precisamos apenas abrir nossa imaginação. Às vezes, precisamos quebrar as regras. Às vezes, precisamos analisar os dados e fazer exatamente o oposto, pois todos estão indo atrás dos dados. Todas as marcas estão fazendo exatamente o mesmo. Sempre acreditei que para cada tendência há uma contratendência. A criatividade precisa nos permitir olhar para espaços onde ninguém esteja fazendo nada. Então, para mim temos que ser originais e usar a imaginação.
RS: Na Indonésia e no Vietnã há uma forte cultura de originalidade, e o começo de coisas novas usando novas tecnologias. Na Indonésia, criamos muitos unicórnios. O mais incrível deles é Gojek, que transformou a vida das pessoas e, na verdade, agora cresceu e se tornou um decacorn. O Vietnã também é um mercado de jogos bastante conhecido e são novamente os jovens que são criativos, apaixonados e animados.
Isso diz muito sobre a WPP, não é mesmo? Temos mulheres que entraram de duas maneiras completamente diferentes, e ambas estão fazendo trabalhos que amam e que são excepcionalmente interessantes. Não importa como você entrou ou de onde você veio, há uma grande chance de você ser bem recebido na empresa
Gostaria de perguntar, visto que este ano o tema do Dia Internacional da Mulher é #EachforEqual, o que ele representa para você?
RH: Eu acho que se você está vendo algo que não está muito certo para você, que não diz respeito a um mundo igualitário, então fale. A maneira com a qual podemos olhar para isso, é que cada um de nós está vivendo em um pequeno microcosmo, ou um negócio, ou um mundo onde cada um de nós tem um papel a desempenhar, para olhar para a igualdade e torná-la real.
Acho que muitas pessoas se comportam inconscientemente. Há um preconceito inconsciente. Há coisas que fazemos que somos condicionadas a fazer pelas famílias em que somos criadas, mas acho que isso é algo onde todas temos um papel. Cada uma de nós pode exercer a sua própria responsabilidade e falar se estivermos vendo algo que não condiz com a igualdade; acho que muitas pessoas ficam em silêncio. Elas não querem estragar as coisas, não se envolvem, não querem politizar um assunto. Isso não é político, é humano. Acho que todas as pessoas têm seu papel a desempenhar, e todas elas podem fazer algo a respeito. Todos nós podemos.
RS: Acho que isso foi muito bem colocado e realmente é isso mesmo, e não apenas para as mulheres. Acho que onde quer que você veja algo errado sendo feito, todo mundo, em todos os momentos, tem que falar. Mas em minha opinião, é ainda mais importante nos conscientizarmos.
O Dia Internacional da Mulher é importante porque...
RS: … Para mim, acho que cada dia do ano precisa ser um dia de igualdade, seja qual for.
RH: … ainda não somos todos iguais e até que sejamos, e até que o gênero seja irrelevante e vivamos em um mundo que parece de fato ser uma meritocracia, ainda precisaremos falar sobre o Dia Internacional da Mulher. É por isso.
Leia mais em nossa série de conversas #EachforEqual
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